Solo não é a causa de acidente com guindaste
Estudos foram realizados por consultoria especializada
Estudos concluídos pela consultoria especializada GeoCompany indicam que o solo da Arena Corinthians não foi a causa do acidente que provocou a morte de dois trabalhadores, no dia 27 de novembro de 2013, quando um guindaste teve sua lança rompida e tombada, resultando na queda de peça da cobertura do estádio. O laudo da consultoria contratada pela Odebrecht Infraestrutura conclui que o solo é estável e estava corretamente dimensionado no momento em que era realizada a operação.
O guindaste LR 11350, considerado o maior do Brasil, com capacidade para erguer até 1.500 toneladas, concluía o içamento do último módulo da estrutura da cobertura metálica do estádio, com 420 toneladas, quando a haste de sua lança foi rompida e tombou, causando a queda da peça sobre parte do prédio Leste. Era a 38ª vez que esse tipo de procedimento realizava-se na obra.
Resultados do laudo, de mais de mil páginas, confirmam que o aterro foi compactado corretamente, mantendo a estabilidade necessária, seguindo as definições estabelecidas pelo fabricante do guindaste. Os estudos da área acidentada tiveram início em dezembro de 2013 e foram concluídos em 90 dias. Foram avaliados mais de 200 pontos da área em que ocorreu o acidente, por meio de ensaios e testes.
Após a conclusão, o laudo da GeoCompany foi revisado e certificado por três importantes especialistas em engenharia de solo: Liede Legi Bariani Bernucci, vice-diretora e chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP); Sandro Sandroni, professor da PUC-RJ (e ex-professor de Pós-Graduação na COOPE-UFRJ) e doutor em Engenharia Geotécnica; e Alberto Teixeira, especialista em engenharia geotécnica e professor aposentado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Os três especialistas ratificaram inteiramente as conclusões da GeoCompany.
As análises colhidas também permitiram simular o comportamento do solo tanto na condição seca quanto úmida. Os resultados indicaram grande impermeabilidade do solo. Assim, a água das chuvas que ocorreram na semana anterior ao acidente não penetrou no terreno -- foi drenada pelas laterais da área, não tendo afetado a estabilidade do solo.
As atividades para elaboração do laudo contemplaram as seguintes iniciativas no canteiro de obras: levantamento de antecedentes geotécnicos no local da obra; realização, interpretação e avaliação de ensaios de campo; modelagem da situação de carregamento e do comportamento da pista; e comparação deste comportamento com as limitações operacionais impostas pelo equipamento.
Para análise das pressões nas esteiras do guindaste foi utilizado um dos softwares mais avançados para este tipo de modelagem, o RS3, da empresa Rocscience, de Toronto, Canadá, e aplicadas ao modelo tridimensional da pista. Com a utilização dessa ferramenta foi possível calcular os deslocamentos que o peso do conjunto formado pela peça, dispositivos de içamento e pelo próprio guindaste causaram no solo.
Principais conclusões do laudo a respeito da compactação do solo:
- Estado do solo na Arena Corinthians não contribuiu para as causas do acidente;
- A superfície do terreno estava em acordo com as definições do fabricante do equipamento;
- Aterro é homogêneo, rígido, estável, resistente e de baixa permeabilidade;
- Compactação do terreno tem grau sempre superior a 95%. Medida era adequada, já que valor deve ser superior a 95%;
- A tensão de ruptura do solo é pelo menos 130% maior que a tensão máxima devido à carga do guindaste;
- A pista é estável e estava corretamente dimensionada para a operação de transporte da peça.
Sobre a GeoCompany
A GeoCompany é uma empresa brasileira, com atuação internacional, voltada a estudos de viabilidade, projetos básicos, projetos executivos e soluções na área de engenharia civil e ambiental. Tem por objetivo disponibilizar técnicas modernas de engenharia civil e ambiental para a comunidade brasileira.
Entre os projetos realizados recentemente, destacam-se o monitoramento de instabilidades geológico - geotécnicas ao longo do gasoduto - TBG (Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil – GASBOL), a estabilização definitiva e avaliação do dano ambiental no escorregamento de solo e rocha, ocorrido no Km 42 da Rodovia Anchieta para a Ecovias. Também trabalhou na ampliação subterrânea da Estação da Luz para Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.
Sobre Roberto Kochen
Diretor Técnico da GeoCompany, é engenheiro civil, mestre e doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Foi “Post Doctoral Fellow” da Universidade de Toronto, Canadá, no período de 1991 a 1992. É professor do Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da USP, desde 1984.
Com atuação no Setor Petroquímico e Industrial, desde 2008 e do Departamento de Engenharia Civil do Instituto de Engenharia (desde 2000), com oito divisões técnicas, incluindo as mais atuantes do IE. Foi presidente do Conselho Técnico da UPADI (Unión Panamericana de Asociacones de Ingenieros), que representa todas as Associações de Engenheiros nas Américas e Caribe, com 2,5 milhões de associados em todas as especialidades da Engenharia, no período 2006 - 2008, e diretor técnico da UPADI de 2002 a 2006. Foi diretor de meio ambiente do SINAENCO de 2002 a 2006.
Atua como consultor em geotecnia, túneis, fundações e meio ambiente para órgãos como o DERSA (Departamento de Estradas de Rodagens S.A.) nas obras do Rodoanel de São Paulo; e como a SABESP (Saneamento Básico do Estado de São Paulo) em obras no Litoral do Estado; e de empresas como a Ecovias dos Imigrantes, a qual assessorou quando do escorregamento de encostas ocorrido na Via Anchieta, em 1999.
Sobre a Odebrecht Infraestrutura
A Odebrecht Infraestrutura é uma empresa da Organização Odebrecht responsável por obras de grande impacto social e econômico, no País. Em serviços de engenharia e construção, a empresa atua por meio da CNO Brasil nos segmentos de transporte e logística (metrôs, rodovias, ferrovias, portos, polidutos, aeroportos), mineração, saneamento, desenvolvimento urbano e edificações de uso público ou corporativo (arenas esportivas, escolas, centros administrativos, centros de convenções e de exposição, entre outros).